Teoricamente deveríamos calcular o valor das empresas startup da mesma forma como calculamos o valor das empresas em atividade. Porém, o cálculo é mais difícil pela falta de dados e principalmente pela maior incerteza com relação ao futuro.
Os métodos para avaliação de empresas geralmente utilizam conceitos de matemática, contabilidade e finanças, o que nos faz inferir que são totalmente quantitativos e que bastam apenas números para calcularmos os valores. Porém este é um dos maiores mitos sobre Valuation, pois apesar de a maioria dos modelos serem quantitativos, a decisão de investimentos pode ser em grande parte qualitativa.
Investidores costumam dizer que avaliar companhias em estágio inicial é parte ciência e parte arte. A arte de calcular o valor das empresas está em como determinamos as premissas que usaremos nos modelos matemáticos, sendo que estas premissas podem ser quantitativas, qualitativas e até subjetivas. Evidentemente que todas devem se refletir em números.
Contudo, como explicar as premissas de forma realista é das questões mais importantes. O brilhante professor Emanuel Derman, da Columbia University, costuma dizer que há matemática demais em finanças e o que falta aos analistas é imaginação. Assim, quanto melhor imaginarmos o futuro de uma companhia e melhor conseguirmos explicar no presente as premissas de forma consistente, maior o seu valor e, consequentemente, seu preço.
De uma forma geral quando avaliamos uma companhia, estamos fazendo um exercício de futurologia, ou seja, tentamos imaginar o seu futuro. Valuation não é uma ferramenta de precisão, mas sim uma ferramenta de análise de decisão de investimento onde variamos diversas premissas para imaginarmos ganhos futuros e os seus riscos de não ocorrência.
Considerando que avaliação de empresas é apenas um exercício de imaginar o futuro, não é precisa, o valor muda de tempos em tempos e pode variar enormemente dependendo das percepções dos analistas, então por que fazer? Simplesmente para sabermos até que valor podemos negociar ao investir ou ao vender participações em empresas. A grande questão é como tirar conclusões do exercício para tomarmos as melhores decisões.
O primeiro passo para iniciarmos uma análise é definir quais são os direcionadores de valor que impactam sensivelmente o preço das companhias. Geralmente os mais importantes são: potencial de crescimento, taxa de desconto, valor das receitas e margem operacional. Porém no caso de startups deve-se considerar prioritariamente na análise os seguintes itens: tamanho do mercado, tração, reputação dos fundadores e executivos, canais de distribuição, inovação, diferenciação, tecnologia, barreiras de entrada, qualidade do time, acordos e alianças, contratos fechados, flexibilidade gerencial, estágio de desenvolvimento, competição, ativos intangíveis, riscos e investimentos já realizados.
Há diversos modelos de avaliação, quantitativos e qualitativos, contudo, nenhum deles é perfeito para avaliarmos companhias startup, desta forma, eles podem ser complementares na análise. Para se avaliar empresas startup, a combinação de modelos pode trazer importante visão, não somente de valor, mas principalmente dos riscos envolvidos.
Fonte: Portal Contábeis/Estadão