Com o caso das Americanas, que em 11 de janeiro de 2023 anunciou ao mercado que havia encontrado inconsistências contábeis em suas contas num montante de cerca de R$ 20 bilhões, algumas expressões correntes no mercado financeiro começaram a circular livremente nos veículos de comunicação ao divulgarem as notícias da varejista, entre elas “risco sacado”.
Também chamado de “forfait”, é um serviço oferecido por bancos e também uma prática realizada por empresas, tratando-se de uma modalidade de antecipação de recebíveis. Pode ser oferecido por bancos e instituições financeiras ou ser realizado pela empresa que está contratando um serviço ou adquirindo determinado produto de um fornecedor. Essa operação é bastante comum entre empresas do setor de varejo, por exemplo.
Como funciona
Uma empresa recebe os produtos de seu fornecedor ou a execução dos seus serviços de forma antecipada ao pagamento. Assim, o valor e as formas de pagamento são acordadas entre as partes de forma prévia. Nessa operação, o fornecedor realiza a emissão de uma fatura com um prazo a ser financiado por um banco ou instituição financeira autorizada a oferecer essa modalidade, ou seja, o banco credor do risco sacado.
No entanto, o valor de venda não é considerado pelo fornecedor em sua contabilidade quando essa operação é feita. Da mesma forma, a empresa que está pagando de forma antecipada também não reconhece o valor de saída em seu passivo oneroso. Ao invés de considerar como “passivo oneroso”, a empresa coloca o valor do montante pago como passivo de “fornecedores”.
Quais são as vantagens
Uma das principais vantagens do risco sacado é que a empresa compradora/contratante tem a possibilidade de aumentar os prazos de pagamento, enquanto consegue ter mais tempo para organizar suas finanças e seu fluxo de caixa. Além disso, trata-se de uma operação de crédito que possui garantia do banco e da empresa, assim como taxas menos custosas para as companhias. Desta forma, as empresas conseguem estar em dia com seus fornecedores, ao mesmo tempo que continuam com recursos em caixa para dar prosseguimento ao negócio.
Confira como ocorreu no caso Americanas
Em 11 de janeiro de 2023, a empresa anunciou ao mercado que havia constatado “inconsistências contábeis” na ordem de R$ 20 bilhões. As operações de risco sacado da Americanas não constavam no balanço trimestral da companhia. Assim, elas não eram divulgadas ao mercado como “dívidas”, mas como uma conta de fornecedores.
Já os juros que seriam pagos ao banco eram contabilizados como redução na conta de fornecedores e não como uma despesa financeira da empresa varejista. Assim, a empresa acumulou uma dívida bilionária com seus fornecedores que não era de conhecimento do mercado financeiro e dos investidores. Após o ocorrido, as ações da Americanas, negociadas na Bolsa de Valores brasileira (B3) com o ticker AMER3, “derreteram” 77,33% na sessão do dia 12 de janeiro de 2023, sendo este um dos grandes marcos da história do mercado financeiro do Brasil.
Fonte: Portal Exame