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Incorporação de ESG em balanços das companhias requer novos especialistas

Ainda há muitas dúvidas sobre como será a incorporação dos aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) nas demonstrações financeiras, mas as empresas vão precisar de novos especialistas com conhecimento específico sobre o tema.

“Tudo vai depender sobre como o assunto será direcionado. A agenda de compromissos públicos assumidos pelas empresas, como a redução do efeito estufa, por exemplo, traz novos componentes na elaboração das demonstrações e da responsabilidade dos organismos de governança das companhias”, disse o sócio-líder de governança da KPMG, Sebastian Soares.

Atualmente, tirando as empresas de economia mista, as companhias de capital aberto não têm obrigação de divulgar um relatório de sustentabilidade. Mas, de forma geral, as organizações não devem ter um “caminho árduo” para prover essas informações ao mercado, já que outros documentos têm conexão com o assunto. “Os demonstrativos devem ajustar esse processo no futuro, mas vamos precisar de especialistas trabalhando nestes aspectos nas companhias”, disse Soares.

Em novembro de 2021, a Fundação das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS Foundation) anunciou a formação de um Comitê Internacional de Parâmetros de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês), com o objetivo de desenvolver uma base para os mercados financeiros globais. A Organização Internacional das Comissões de Valores (Iosco), conhecida como CVM das CVMs, endossou a medida. E, se os futuros padrões forem considerados práticos e eficazes, incentivará seus membros a adotá-los.

No Brasil, o mercado aguarda a finalização da audiência pública da instrução 480 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que traz mudanças no formulário de referência, com perspectiva para incluir maior abertura de informações ESG por empresas.

“Hoje é muito desafiador [incorporar questões ESG nas demonstrações financeiras] Temos uma multiplicidade de linguagens possíveis, e uma série de cartões e padrões”, disse o advogado Gustavo Gonzalez, que é ex-diretor da CVM. Em caso de eventuais situações de fraude envolvendo o tema, o chamado “greenwashing”, ele lembra que nos últimos anos as companhias tiveram um amadurecimento em relação aos controles internos e uma cultura de compliance nas empresas.

Fonte: Portal Valor Investe